28/04/2010

A arte está calada

Em nosso país ainda é incomum a valorização, merecida, da arte. Seja ela clássica ou moderna, em forma de pinturas ou poemas. O Brasil, talvez por ainda ser um país emergente, não consegue, ou não quer, valorizar àquilo que tem dentro de casa, prefere-se então importar de outros países com um status mais elevado produtos que se encontram aqui, no quintal de casa.
Chega a ser intrigante e revoltante. Será que não temos nossa própria identidade? Temos mesmo a necessidade de copiar um modelo de arte que não nos pertence? Essa mania de importar de fora acaba por sufocar uma identidade que é única no mundo todo: Brasileira.
Em parte, a culpa acaba sendo da própria população brasileira, que não só aceita, mas compra, divulga e comercializa a arte exterior. Então a mudança começa dentro de casa, certo?
Enquanto tivermos em mente que tudo de fora é melhor que o que tem aqui dentro, nosso país nunca conseguirá deixar de ser emergente, pois estaremos sempre vinculados àqueles que capitalizão tudo.


Mundo óptico 
Da lente que observo o planeta
Minha preocupação com o mundo
As atitudes do homem para com ele
Enquadro toda essa esfera
Ao tamanho de uma
Bactéria.
             (Geraldo Rocha)
 O poema acima citado, refere-se ao que somos: NADA.
 Mas a grandeza das palavras, cuidadosamente montadas em poucas linhas, fazem do autor o que ele     realmente é, ou deveria ser: Grande.
Não é só no sertão, não é só no nordeste. O Brasil todo está repleto de pessoas com variados talentos, esperando uma única oportunidade para serem vistas. Olhe para elas, olhe para o seu país e perceba a riqueza que há nele.

21/04/2010

Brasília, 50 anos de sonhos e ilusão.


Vir a Brasília já parece encantador por poder observar a arquitetura planejada e a organização urbana que se faz presente nessa cidade. Mas vir a Brasília em plena comemoração do seu cinqüentenário é ainda mais empolgante.
Tudo começou ainda no tempo da política do café com leite, onde São Paulo e Minas Gerais revezavam o governo, que tinha sua sede na cidade do Rio de Janeiro.
Com a intenção e descentralizar esse poder, pensou-se em criar uma cidade política que abrigaria todo o poder legislativo, executivo e judiciário. Foi pensada e acabou realizada.
Brasília foi arquitetada, com o Plano Piloto, pelo urbanista Lúcio Costa que deu à cidade a esplendida forma de um avião, enquanto que Oscar Niemeyer projetou muitos edifícios da capital federal, exaltando a arquitetura moderna.
Pouco a pouco a nova capital federal foi sendo ocupada pelos políticos e por sonhadores que migravam de toda parte do Brasil. Parecia a cidade dos sonhos, de promessas e realizações.
 Mas por trás dessa utopia toda persiste a realidade: é em Brasília que acontecem os maiores casos de corrupção do país, que mancham a imagem do chamado povo brasileiro.
Observa-se hoje, também, que a cidade está sendo alvo do uso e tráfico do crack. A droga está tomando a cidade e instaurando as chamadas cracolândias (utópica cidade do carck).
É uma situação triste e vergonhosa, pois a capital federal devia ser modelo de segurança e qualidade de vida, mas o que se vê são jovens usuários dessa droga em pontos nada discretos, como shoppings e praças públicas.
Mas fala-se de Brasil, não é mesmo!? E quando se fala de Brasil se fala de subdesenvolvimento, se fala do futuro, o Brasil do futuro. Triste percepção.
 Em suma, o dia é de festa e comemoração. Parabéns à cidade planejada que constrói a identidade do nosso país. Os 50 anos, com certeza, se multiplicarão, com trabalho, organização e desenvolvimento, e farão do Brasil um país não do futuro, mas do hoje, do agora, do presente.

17/04/2010

Olha pra mim


Sexta-feira, 05 de abril de 2002. Apenas mais um dia para o pequeno notável Getúlio. Exagero quando digo notável, ninguém se importava com sua presença, pelo menos era o que ele pensava.
Tinha apenas 13 anos e se perdia em seus pensamentos...
Morava no interior de São Paulo e vivia com a mãe, o pai e mais cinco irmãos.
Era o mais velho, era respeitoso e parecia responsável. Quase nunca abria a boca para dizer o que pensava, o que sentia, o que queria...
Tinha medo de ser repreendido. Mas tinha razão de ter medo? Não se sabe...
Na escola Getúlio era isolado, não participava e não tinha ambição. Seus colegas queriam ser médicos, advogados, engenheiros, famosos... Mas Tulhinho, como dizia sua eterna avó que já se fora, só desejava ser grande o bastante para ser visto.
Olga tentava ser uma boa mãe, e até conseguia. Mas não percebia o abismo que se criava em seu filho mais velho. Por ser mais velho, Olga entendia que Getúlio não precisava de tanta atenção como os outros. Ledo engano.
Getúlio ia ao riacho que tinha perto de sua casa e se imagina dentro d’água, sem mais de lá sair. A água o chamava para um abraço envolvente, que acalmaria seu coração. Mas Getúlio não sabia nadar. Que ironia, sentia-se como um peixe, mas na água não podia entrar.
Levou tempo para o menino decidir, mas decidiu, e tentou se expressar em um papel:
 “No tempo de ontem não vivi, no tempo de hoje eu não vivo, não posso esperar o amanha mamãe. Eu chorei tanto que descobri que as lágrimas são o caminho para a felicidade, pelo menos assim espero. Passei a vida gritando: - Olha pra mim, olha pra mim... Olha pra mim. Mas ninguém me ouvia, ninguém olhava pra mim.
Agora eu me rendo a mim mesmo e no mar da vida pretendo mergulhar.”
[...]
Sexta-feira, 26 de abril de 2002. Um menino de 13 anos foi encontrado morto num riacho do interior de São Paulo. A causa da morte foi afogamento e há suspeita de suicídio.
Olga derramava lágrimas de sangue das suas faces no velório de Tulhinho. Sentia-se culpada pela morte do filho, estava morta por dentro. Com olhos de saudade. Olhou para o rosto pálido do filho e com ternura disse:
- Meu filho, só lamento ser agora, mas eu estou olhando pra você, estou te vendo. Olha pra mim...

(Conto produzido por Luan Barbosa)
Passamos a maior parte da nossa vida olhando, unicamente, para nós mesmos.
Esquecemos que existem pessoas a nossa volta que precisam da nossa atenção, existem pessoas carentes de si mesmas e que gritam por um olhar de afeto. Olhe para aquele ao seu lado e verás que ele tem muito a dizer, você pode impedir que alguém mergulhe nesse mar de sombras.

13/04/2010

O beijo

O teu veludo me convida a entrar
És dona de um vermelhão que me instiga a cobiçar
Quão maduro é o teu fruto
Que provoca o mais inocente existir

Como uma cachoeira ao tocar
Como gelo a arder e fogo a queimar
Tens o poder de enlouquecer, excitar, delirar.
Sabes bem o poder de um simples beijar

O teu beijo é eloqüente, é fascinante, é rudimentar.
É pássaro voando alto a procura do seu ninhar
Faz peixe brabo respirar dentro d’água
E preferir morrer sem ar a não ter mais o teu tocar de lábios.

Faz-me morrer, querer mesmo sumir.
Qual o segredo desse beijo? O batom cor do pecado?
Se não me queres, prefiro para sempre dormir
Dá-me logo o beijo da morte para que eu possa sossegar
E lá em baixo, no queimar, eu tenha mesmo outras bocas pra beijar...

                 (Luan Barbosa)


13 de abril de 2010, dia do beijo.
Ação que provoca tantas sensações: satisfação, desejo, prazer, repulsa, afeto...
Dê você também um beijo hoje, na pessoa querida. Um amigo, a mãe, o pai, ou o próprio companheiro. Provoque sensações, provoque emoções. Beije.

10/04/2010

O que eu sei não é o que eu posso dizer

Nosso país vive numa sociedade e governo democráticos, mas nem sempre foi assim.
Aquela velha história, que todo mundo estudou, da ditadura militar que se inicia no ano de 1964 e só vai acabar depois de 20 longos anos.
Nessa época, instauram-se no país os famosos atos inconstitucionais (AI 1, AI 2, AI 3, AI 4 e AI 5) que destroem, sem pudor, o senso de democracia e a liberdade de expressão.
A área jornalística sofreu muito com esses atos que cortavam qualquer direito do cidadão. A censura foi estabelecida e escritores e artistas não podiam dizer o que realmente pensavam.
Nesses tempos, os fatos jornalísticos eram, frequentemente, distorcidos, quando não alterados por inteiro. O governo procurava controlar todas as notícias e fatos repassados para o público, através dos jornais impressos e televisionados, modificando tudo a seu favor a fim de que parecesse que o Brasil ia bem e que nada de ruim acontecia, não aos olhos alheios.
Fatos como epidemias que matavam em série eram reduzidos a “virose sem importância que pouco afeta o organismo”, isso tudo para não alarmar o país. Era de praxe os apresentadores de jornais serem surpreendidos com a visita de oficiais segundos antes de entrarem no ar e receberem a ordem de mudar a notícia, sobre o risco de serem presos por difamação ao estado federal.
Bem, é compreensível que naquela época os responsáveis por transmitir ao público tudo que vem acontecendo no país, com pluralidade, ética e profissionalismo (jornalistas), fossem obrigados a mudar a postura e retorcer o acontecido, afinal praticamente repetiu-se a “santa inquisição” na ditadura militar.
Mas hoje, não se vê motivos para que profissionais e redes de comunicação ainda façam isso. É comum ver profissionais dessa área tomarem partido e mostrar apenas o lado que vos interessa, deixando a verdade não oculta, mas com ênfase naquilo que realmente interessa. Acontece muito isso na área da política, em tempos de eleições, emissoras tomam partido, por muitas vezes interesse financeiro e econômico, e fazem do bandido o verdadeiro herói.
É um absurdo ver-se isso em pleno século XXI. A população precisa, sempre, saber o que realmente é fato e o que parece ser. Os tempos de ditadura já se foram e aquele velho “Brasil, ame-o ou deixe-o” já passou também.
Assim, como bom jornalista que pretendo ser, chamo a responsabilidade aos demais para cumprirem o compromisso de serem íntegros à profissão, passando sempre o que realmente foi, é e pode ser. Agindo com ética profissional, como todo profissional deve fazer, imparcialidade e sendo fiel ao alvo a ser atingindo, tendo em mente que o que eu sei é o que eu vou dizer, sempre!

(Luan Barbosa)

06/04/2010

Arrumando as malas


Recebi um convite de um velho amigo muito especial. Ele mora lá no alto, num bairro à altura de tal, todo mundo o conhece.
Chamou-me para passar uns dias em sua casa. Hesitei, não sabia se era digno de me hospedar em sua casa. Mas, como se lesse os meus pensamentos ele me convenceu dizendo:
- Qualquer um que seja meu amigo será digno de adentrar em minha casa.
Aceitei. Fui para casa e ele me acompanhou, ofereceu ajuda para arrumar a mala.
Pegamos uma mala velha, que há muito não era aberta e ele a chamou de consciência. Estranhei, mas concordei. Pediu que colocasse no fundo da mala as minhas roupas mais velhas, as lembranças amargas, as desilusões, as decepções, as raivas e todo sentimento de culpa. Por cima, pediu que eu colocasse umas calças bem grossas, as alegrias vividas, as conquistas e as boas lembranças, pois essas seriam capazes de forrar as velhas roupas e impediriam que elas passassem um “mau cheiro”.
Pegamos uma sacola plástica e guardamos todos os sapatos necessários, os sentimentos de orgulho, egoísmo, vaidade e inveja. Fechamos bem a sacola para que nada dentro da mala fosse contaminado.
Para finalizar, pegamos uma bolsa pequena e guardamos dentro os produtos de higiene, a dignidade, a serenidade e a honestidade.
Fechamos a mala e me senti mais organizado. Percebi que a minha mala e a minha consciência estavam mais limpas. Refleti todas as minhas opiniões e ações e ao final percebi que Jesus havia me ajudado a fazer não só uma mala, mas também uma reforma íntima, buscando os meus verdadeiros conceitos da vida.
Parei um instante e pensei em silêncio:
“Quão grande é esse ser que está ao meu lado, é capaz de dar grandes lições através de coisas que nos parecem peculiares. Tem o poder de nos fazer adentrar em nós mesmos de uma forma tão sutil que nem percebemos...”.
Fui interrompido pelo meu companheiro que deu uma risadinha e disse:
- É só uma mala meu caro, só uma mala.
[...] Passar uns dias na casa desse grande mestre prometia intensos ensinamentos e eu estava disposto, de verdade, a fazer essa viagem e não tinha pressa para retornar...

02/04/2010

Aquele velho Chico


Depois da mentira vem sempre a verdade.
O velho Chico não podia ter “escolhido” dia melhor para nascer: 02 de abril de 1910 (02/04/1910).
E por que uma data tão importante? Sabe-se que no dia 01 de abril, considera-se o dia da mentira. Então, faço alusão dizendo que após esse dia, Francisco Cândido Xavier veio nos trazer a verdade.
Chico Xavier, nascido em Pedro Leopoldo, MG, mostrou-se muito sensível desde pequeno, principalmente após a precoce morte de sua mãe.
Cresceu sendo taxado de louco, infame, por dizer ouvir as vozes daqueles que já se foram. Mostrou-se ser sempre um menino dedicado e logo começou os seus estudos espíritas.
Aos vinte anos, lançou o seu primeiro livro que chocou o país: Parnasos de além-túmulo. Uma coletânea de poesias de grandes poetas renomados que já haviam partido, tal como Castro Alves.
O grande Xavier não gostava de ser chamado de grande, era um homem simples, modesto e de boa índole. Por ser um grande médium( pessoas capazes de se comunicar com espíritos desencarnados) Chico dedicou-se à doutrina espírita e a ajudar pessoas a superar a perda de entes queridos.
Psicografou diversas cartas e as assinava com o nome daqueles entes perdidos. Muitos duvidavam daquele dom tão especial, mas todas as pessoas que receberam uma carta do além, dizem que acreditam que é verídica, por conter informações que só a própria família poderia saber e por possuírem algo que sempre supri as perdas: fé.
Chico foi um homem caridoso, livre da atração material. Ajudava a todos como podia e quando não podia dava um jeitinho. Quem nunca ouviu falar daquele famoso abacateiro, o qual Chico ia várias vezes para distribuir mantimentos para pessoas carentes.
Chico era guiado pelo espírito de Emanuel, que em outras vidas teria sido o imperador que não evitou que Jesus fosse crucificado; um escravo egípcio; um padre espanhol e finalmente Emanuel, um nobre que ajudou ao padre Anchieta a construir a grande São Paulo.
Emanuel sempre fora muito duro com Chico e fizera-o cumprir, rigorosamente, aquilo que era necessário. Chico doou sua vida inteira para fazer da humanidade algo melhor.
E valeu a pena. Chico transformou milhões de pessoas, com palavras e livros. É autor de mais de 400 livros e sempre disse que nunca escreveu um livro sequer. Ele apenas ouvia.
Deixou-nos lições preciosas... “Eu fico muito triste quando alguém me ofende, mas eu ficaria ainda pior se eu ofendesse alguém”. Transformou o Brasil na maior potência espírita do mundo.
Francisco Xavier nunca gostou de aparecer, foi à televisão uma única vez, ao programa Pinga-fogo, onde respondeu várias perguntas com muita serenidade. O programa que duraria uma hora estendeu-se e durou três seguidas horas, dando grande audiência.
E assim, como sempre gostou (em silêncio) Chico nos deixou. Saiu pela porta dos fundos, sem fazer barulho. Chico Xavier desencarnou no dia 30 de junho, dia em que o Brasil estava em festa, comemorando o Pentacampeonato Mundial de Futebol.
Ainda há muita saudade daquele velhinho caridoso que transmitia tanta paz...
Há aqueles que continuam o seu trabalho, dedicam-se a tentar passar para as pessoas aquilo que Chico sempre foi categórico em dizer: “amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei” (palavras de Cristo).
Onde quer que ele se encontre, sei que estará bem e com certeza estará sorrindo e ajudando ao seu próximo, como sempre fizera.