04/11/2010

Afogados nessa onda.


É triste ver uma banda, um cantor ou um ídolo ser deixado para trás, esquecido por sua legião de fãs. De duas uma: ou não tem status e potencial para manter-se no centro ou não se faz mais fãs como antigamente. Ou as duas coisas.
A verdade é que não temos mais aqueles talentos que brilhavam no palco e incendiavam as mentes alheias com suas letras de músicas provocantes, estimulantes e ameaçadoras como faziam Cazuza, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, dentre tantos outros inúmeros nomes que marcaram a história da nossa música e da voz do nosso país.
Bem, eles tinham ideais fortes para escrever músicas que rasgavam, mascaradamente, a verdade do nosso país, no caso da era da ditadura militar.
Mas os músicos de hoje, os chamados singers tops, não têm algum ideal forte para “letrar” verdades?
Claro que têm. O mundo, nosso país, está cercado por fatos que merecem destaque nessa área, mas...
A questão dos fãs me implica muito. Hoje, não se gosta apenas de um gênero, de um artista. Viam-se pessoas gritarem enlouquecidas por uma banda considera emo (NXzero), fãs que levaram a banda ao topo do sucesso há 2, 3 anos atrás. Agora, pouco se ouve sobre tal. Quando surge uma nova onda, um novo gênero vira febre e contamina toda a população, ou pelo menos a maior parte dela.
Esses fãs migraram do gênero NXzero para o gênero sertanejo universitário e/ou o gênero que chamo de ‘restart’ (banda super colorida). É só você sair pelas ruas e comprovar o que relato: o Brasil nunca foi tão colorido.
É intrigante ver como tudo não passa de industrialização da cultura. As pessoas não percebem que são manipuladas pela indústria do consumo. Pensam que gostam de tal banda porque se identificam, mas não, tudo não passa de um plágio de gostos que um ou outro é capaz de ter.
É uma pena isso acontecer. Daqui há 2 ou 3 anos, talvez tudo perca um pouco dessa cor, ou não. Enquanto essas bandas ficam passando músicas que fazem lavagem em nossos cérebros, músicas muitas vezes sem nenhum fundamento, verdadeiros talentos capazes de tocar a alma e voltar a incendiar nossa sociedade ficam ofuscado e talvez nunca possam ter uma cor que vibre mais que a atual na nossa sociedade.

31/10/2010

Tempo usurpado

Não é a primeira vez que venho falar sobre o tempo que nos atropela, nem será a última.
Vejo a necessidade desse alerta constante para que as pessoas não estejam vivendo em vão, não desperdicem essa chance, não única, mas tão difícil que é a vida.
Costumo dizer que as ruas do cotidiano nos dão grandes lições. Lições explícitas que tentam nos passar algo que muitas vezes ignoramos.
Outro dia, num costumeiro ponto de ônibus, estava eu meio sem paciência desejando chegar logo em casa. Então, observei uma mulher que também aguardava um ônibus com o seu filho de 5 ou 6 anos.
Fiquei admirando aquele pequeno ser brincar com algum brinquedo que não dei muita atenção e comecei a refletir...
De repente ouço o pequenino dizer:
-Mamãe, eu quero ir pra casa, vamos!
E sua mãe em um suspiro incomodado retornou:
- Paciência menino, espera que logo, logo estaremos lá.
Até esse ponto seria um diálogo normal, bobo até para se tornar uma postagem aqui, mas o que veio a seguir me chamou muito a atenção:
- Paciência mamãe? Você nem sabe o que é isso...
A ousadia do garoto revelara uma verdade que chocara sua mãe. Os adultos estão sempre pedindo calma, paciência às crianças, mas são os primeiros que descartam essa virtude.
Nós, por acaso, esperamos por aquilo que queremos sem reclamar? Aceitamos quando sabemos que algo virá, só que mais tarde?
Não! Somos, então, grandes hipócritas que tentam passar uma falsa virtude às novas gerações. Como queremos que nossos pequeninos exercitem a paciência se eles sequer têm uma demonstração desse comportamento?
Esquecemos que é pelo exemplo dado que se aprende. As crianças copiam aquilo que seus pais fazem dentro de casa e deixam de copiar aquilo que não é feito.
A verdade é que somos usurpados pelo tempo, pela correria da sociedade moderna e abandonamos os velhos costumes. Observando idosos realizando alguma tarefa chega a ser irritante. E por quê? Porque eles realizam cada gesto como se fosse o último de suas vidas, caprichando naquilo que estão fazendo, sem pressa, sem medo de que o tempo acabe.
Nós deveríamos olhar para esses sábios que não permitem ser dominados pelo tempo e copiarmos suas virtudes para que possamos passar para as gerações novas. Antes que o seu filho o deixe no ponto de ônibus e vá para casa sozinho, sem paciência de esperar que o tempo passe naturalmente

17/10/2010

Carta a excelentíssima pasta de dentes.

(Fábula, por Luan Barbosa)
Cara amiga (assim me dou o direito de chamá-la, visto que com você já tenho intimidade desde pequena), não queria precisar ser tão formal e enviar-lhe uma carta de reclamação, mas visto as circunstancias do caso me sinto obrigada, tenho como única essa medida.
Há muito tempo, éramos só você e eu. A pasta e a escova que se completavam. Vivíamos harmoniosamente, apesar dos conflitos presentes, mas não de nossa exclusividade. Sempre fomos uma dupla implacável diante das sujeiras da vida, mas também sempre fomos humildes e recorríamos à ajuda de outrem, como o fio dental, para que a relação de limpeza fosse ainda maior.
Sempre te venerei, pois assim me foi ensinado e com o tempo percebi, por própria consciência, que tu reges tudo ao meu redor, é a força maior para meu êxito.
O que me incomoda, agora, é a chegada de uma parceira em nossas vidas. A princípio me pareceu conveniente ter a companhia de alguém, uma escova jovem, bonita, vistosa e eficiente. Logo me encantei por seus talentos. Pensei que pudéssemos ter uma boa relação, mas com o passar do tempo vi que estava me tornando coadjuvante e deixando que a outra assumisse o papel principal nos meus comandos.
Por me achar inferior, recolhi-me e mergulhei em profunda depressão bacteriana, que ia me consumindo e logo me resumiria em resto, ou inutilidade. Sei que nunca deixou de perceber minha existência, mas sinto que precisamos colocar os panos limpos na mesa.
Como um desabafo, perdoe-me minha alteração, mas quem aquela escova pensa que é pra manipular assim a minha vida? Ela é recém chegada e dei-lhe mais poderes do que deveria, mas é hora de cessar esse erro.
Você é o deus que ilumina minhas estradas, e é a ti que amo verdadeiramente. Então, peço-te, de compaixão, que juntos voltemos a nossa velha história e relação e que dispensemos a outra escova, que não mais se faz necessária. Tenho certeza que ela achará um lugar onde será bem-vinda e terá o seu reconhecimento, querendo ficar por lá.
Já lhe sou grata, cara amiga, pela atenção que me dás lendo esse desabafo. Sei que compreenderás as minhas angustias e atenderás o meu pedido. Verás que assim, conseguiremos provocar tantos sorrisos, como já fizemos diversas vezes.

13/10/2010

Até onde vai a sua vaidade?


Nosso mundo vem se tornando cada vez moderno e, consequentemente, competitivo que nos leva à experiências e atos que não nos cabem. . Tem-se hoje um padrão de beleza que é seguido por milhares de jovens em busca da modelagem perfeita. Mas será que vale mesmo a pena sofrer tanto para agradar aos outros? E onde fica o nosso amor próprio ?
Não existem mais limites para alcançar uma utopia, que nos faz mal, que pode até melhorar a estética, mas manipula o nosso ser de tal forma que perdemos nossa originalidade.
Segundo o psicólogo e escritor Augusto Cury os jovens de hoje buscam um padrão de beleza, muitas vezes inatingível, passado bela mídia. Mas afinal, quais são as medidas perfeitas ? 90, 60, 90 ? Será que não estamos nos submetendo à uma escravidão da moda? Porque temos que ser magros? Ou musculosos?
Augusto Cury, em "A ditadura da Beleza" mostra que as pessoas tornam-se doentes e depressivas para conseguirem o corpo perfeito e afima que hoje poucos jovens estão satisfeitos com o corpo que têm. E você, gosto de si mesmo ?
Muitas vezes nos espelhamos em alguém a quem idolatramos, veneramos. Um artísta. Queremos imitá-lo em tudo: aparência, personalidade, enfim. Mas, temos que colocar na cabeça que não existe dois seres iguais na Terra, e quem imita o outro rejeita a si mesmo e fracassa.
Lembre-se: não existe nada mais triste do que uma pessoa não ter amor próprio. O mundo pode rotular-te como lixo urbano, mas se você acreditar que é mais que isso o tempo há de reciclar-te.
Se aprendermos a gostar de nós mesmo não haverá dificuldades na vitória, independentemente da aparência.
Como diz a música "O que é, o que é", de Gonzaginha : "Viver, e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar (e cantar e cantar) a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita : É bonita, é bonita e é bonita".

Sua vida também é bonita, enxergue-a e valorize-a!