Lembrando-me hoje, daquela velha canção que escrevemos, percebi a profundeza que ela alcança e a grande emoção que ela transmite.
Há muito tempo a cantamos, sem esquecer uma única parte, sem enjoar ou cansar.
Pareciam aquelas músicas, escritas pelo Rei, músicas que perfuram a alma e invadem nosso íntimo.
Quantas vezes ela me tirou de angústias, tristezas e momentos difíceis? Muitas! Ela tinha mesmo esse poder.
E quantas vezes ela foi a trilha sonora de nossas alegrias, conquistas e divindades? Muitas. Ela era capaz de iluminar qualquer escuridão que nos tomasse.
Ouvindo a música hoje, não me parece igual. Como se alguém tivesse modificado sua letra, sua essência e sua força.
Não parecia tão bela, mas ainda sim a ouvia todos os dias. Era perceptível que havia mudado, mas por que, se eu não mudei em nada?
Talvez não eu, mas a outra voz mudara. Talvez tenha escrito uma nova canção, com uma nova voz e eu não me encaixe nessa música.
Não acho o tom, não sei quais são as notas musicais. Não posso cantá-la.
Cantar sozinho parece deprimente. Queria poder questionar: Em que parte na música nossa amizade desafinou? Mas você não me ouve, canta alto demais. Tão alto que acaba por perturbar o meu ouvir, sou obrigado a partir.
Já não ouço mais aquela canção com tanta frequência, com tanto louvor. Nem mesmo me arrepio no refrão, como acontecia de costume.
Mas assim são as canções, assim é a vida. Quando muito velhas, são substituídas. Resta-me procurar outra canção, onde a nota musical seja compatível com o meu tenor.
[...] Ainda lembro-me daquela canção, chamada amizade, ainda lembro-me de quando cantávamos, de quando sorriamos, ainda lembro-me...
Por Luan Barbosa, 31/07/2010
Por Luan Barbosa, 31/07/2010