31/10/2010

Tempo usurpado

Não é a primeira vez que venho falar sobre o tempo que nos atropela, nem será a última.
Vejo a necessidade desse alerta constante para que as pessoas não estejam vivendo em vão, não desperdicem essa chance, não única, mas tão difícil que é a vida.
Costumo dizer que as ruas do cotidiano nos dão grandes lições. Lições explícitas que tentam nos passar algo que muitas vezes ignoramos.
Outro dia, num costumeiro ponto de ônibus, estava eu meio sem paciência desejando chegar logo em casa. Então, observei uma mulher que também aguardava um ônibus com o seu filho de 5 ou 6 anos.
Fiquei admirando aquele pequeno ser brincar com algum brinquedo que não dei muita atenção e comecei a refletir...
De repente ouço o pequenino dizer:
-Mamãe, eu quero ir pra casa, vamos!
E sua mãe em um suspiro incomodado retornou:
- Paciência menino, espera que logo, logo estaremos lá.
Até esse ponto seria um diálogo normal, bobo até para se tornar uma postagem aqui, mas o que veio a seguir me chamou muito a atenção:
- Paciência mamãe? Você nem sabe o que é isso...
A ousadia do garoto revelara uma verdade que chocara sua mãe. Os adultos estão sempre pedindo calma, paciência às crianças, mas são os primeiros que descartam essa virtude.
Nós, por acaso, esperamos por aquilo que queremos sem reclamar? Aceitamos quando sabemos que algo virá, só que mais tarde?
Não! Somos, então, grandes hipócritas que tentam passar uma falsa virtude às novas gerações. Como queremos que nossos pequeninos exercitem a paciência se eles sequer têm uma demonstração desse comportamento?
Esquecemos que é pelo exemplo dado que se aprende. As crianças copiam aquilo que seus pais fazem dentro de casa e deixam de copiar aquilo que não é feito.
A verdade é que somos usurpados pelo tempo, pela correria da sociedade moderna e abandonamos os velhos costumes. Observando idosos realizando alguma tarefa chega a ser irritante. E por quê? Porque eles realizam cada gesto como se fosse o último de suas vidas, caprichando naquilo que estão fazendo, sem pressa, sem medo de que o tempo acabe.
Nós deveríamos olhar para esses sábios que não permitem ser dominados pelo tempo e copiarmos suas virtudes para que possamos passar para as gerações novas. Antes que o seu filho o deixe no ponto de ônibus e vá para casa sozinho, sem paciência de esperar que o tempo passe naturalmente

2 comentários:

  1. Arrasou texto muito lindoo>>
    Parabens, voce escreve muito bem!
    gostei muito

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  2. Hum, a mensagem foi como uma faca...
    AMEI!!!rsrsrs

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